Nossa entrevistada de hoje é Andreia Alves Lima, uma escritora com deficiência visual. Tem 37 anos e há dezessete anos vive com seu companheiro Claudir.
Andreia nasceu e mora em São Paulo, e nesta entrevista nos conta um pouco de sua trajetória e as dificuldades com sua deficiência visual.
A deficiência visual afeta seu dia a dia? Quais os desafios que você enfrenta?
Eu levo uma vida quase normal, porém possuo uma patologia chamada nistagmo. Se dá por movimentos involuntários dos olhos, que surgem constantemente. Esta é minha maior dificuldade. Tenho que enfrentar olhares de pessoas curiosas, e isso acaba me afetando.
Quais as adaptações que você utiliza para ter mais autonomia no seu dia a dia?
Eu uso, para longe, óculos de correção de 9 graus. Para leituras, óculos de 24 graus e uma lupa. Também aprendi a utilizar o braille.
Quais são os seus passatempos?
Leituras, já que sou uma verdadeira apaixonada e devoradora de livros. Também adoro ouvir música, assistir a filmes e séries. Ir ao teatro e me divertir dançando com o Claudir.
Como é a acessibilidade em sua cidade?
Acho que a questão da acessibilidade é complicada. Por aqui, as calçadas são acidentadas, desniveladas, quebradas, falta de piso tátil e faróis sonoros.
Como a deficiência visual moldou sua visão de mundo?
A deficiência visual me fez ver que preciso ser uma pessoa humilde e aberta para conversar, pois muitas vezes preciso da ajuda das pessoas. Isso não me incomoda nem me causa vergonha. Pelo contrário, acredito que, quando uma pessoa vem para o mundo com uma deficiência, seja ela qual for, vem para exercitar nossa humildade.
Na sua opinião, é importante a representação de pessoas com deficiência nos meios de comunicação?
É muitíssimo importante, pois é uma forma da sociedade nos conhecer e saber que existimos.
Conte-nos como iniciou seu trabalho como escritora.
A ideia de ser escritora nasceu após uma participação minha na Oficina de Escrita Criativa Online do Rio de Janeiro.
O objetivo da oficina era a criação de uma coletânea de poesias sobre o BICENTENÁRIO da Independência do Brasil com pessoas com deficiência visual e pessoas em situação de rua.
Achei que não iria conseguir escrever nada e convidei o Claudir para participar, pois ele escreve bem, assim, ele poderia me ajudar. No decorrer da oficina, senti vontade de escrever e comecei.
Não parei mais. Quando completei a criação de quinze poesias, nasceu meu primeiro livro.
Após este primeiro livro, senti a necessidade de compartilhar minha vida e experiências com minha deficiência visual e escrevi outro livro.
Quais são suas maiores conquistas?
Minhas conquistas são ter concluído o ensino médio na fase adulta e ter lançado meus dois livros, tendo ao meu lado um companheiro que me ama, apoia e compreende.
Quais os livros que você já publicou?
Publiquei em livro eletrônico "Descortinando ideias", que é um livro de poesias onde expresso meus sentimentos e impressões sobre o mundo, e "De repente eu", que é minha autobiografia.
Como as pessoas podem adquirir os seus e-books?
Os e-books estão disponíveis na Amazon ou podem adquirir com o Claudir no PIX solidário de R$ 2,00. A chave do Pix é 1197560-5759.
Quais seus planos?
Eu tenho muitos planos, desejos e sonhos para o futuro. Como lançar um livro de minicontos, fazer um curso de filosofia espírita, aulas de teatro. Ter meus escritos publicados em diversas coletâneas e, por fim, publicar um romance que já está pronto.
Você tem dois projetos em andamento. Conte-nos um pouco sobre eles.
Tenho o projeto "Ler com palavras", onde gravo áudios por capítulos de livros, por enquanto, para o Claudir e a amiga, Luzia Lúcia. Este projeto nasceu do meu desejo de compartilhar as histórias que leio, com outras pessoas com deficiência visual. O segundo projeto é "Descritora PCD" onde procuro deixar minhas redes sociais mais acessíveis, descrevendo sob minha visão, as imagens que eu posto.
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Precisamos acreditar em nós para realizarmos nossos sonhos, pois mesmo quando tudo parece difícil e complicado, depois da tempestade, sempre vem a bonança.
