O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta de forma variada em cada indivíduo. Não é uma doença, mas sim uma condição que se apresenta em um espectro, ou seja, a intensidade dos sintomas e as áreas afetadas podem variar significativamente de uma pessoa para outra. Por isso, fala-se em Transtorno do Espectro Autista (TEA).
As causas
Embora a ciência tenha avançado significativamente nos últimos anos, ainda não se sabe exatamente o que causa o autismo. Geralmente, o autismo é resultado da combinação de fatores genéticos e ambientais.
Com referência aos fatores genéticos, várias pesquisas identificaram genes específicos associados ao autismo. Essas mutações podem afetar o desenvolvimento do cérebro e causar alterações nas funções cerebrais.
O autismo tem uma componente familiar, ou seja, pessoas com familiares autistas têm maior probabilidade de desenvolver o transtorno.
Os fatores ambientais referem-se às exposições a toxinas, infecções durante a gravidez, idade dos pais, complicações no parto e uso de medicamento.
Vacinas e autismo
A afirmação de que vacinas causam autismo é um mito que foi amplamente desmentido pela comunidade científica. Não existe nenhuma evidência científica que comprove uma relação causal entre a vacinação e o autismo.
A origem desse mito pode ser traçada até um artigo publicado na revista médica The Lancet em 1998, pelo médico britânico Andrew Wakefield. Ele sugeriu uma possível ligação entre a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) e o autismo, mas seu estudo foi posteriormente retraído devido a falhas metodológicas e conflitos de interesse.
Várias investigações independentes e rigorosas desmentiram completamente as alegações de Wakefield. Estudos epidemiológicos em larga escala, realizados em diferentes países e com diferentes populações, não encontraram nenhuma evidência de uma associação entre vacinação e autismo.
Conforme uma meta-análise publicada na Vaccines em 2014,pesquisadores australianos investigaram diferentes estudos envolvendo mais de 1 milhão de crianças. Os dados mostraram que a vacinação não está relacionada ao TEA. O Comitê Consultivo Global da OMS sobre Segurança de Vacinas (GACVS) também garante que não existem evidências de uma relação causal entre a vacina tríplice viral e o autismo.
Aumento de casos
A percepção de um aumento nos casos de autismo nas últimas décadas é um tema que tem gerado muita discussão e pesquisa na comunidade científica. Não houve necessariamente um aumento real na incidência do autismo, mas sim um aumento no diagnóstico.
A sociedade está mais informada sobre o autismo, o que leva pais, professores e profissionais de saúde a suspeitarem do diagnóstico mais cedo, e as pesquisas continuam avançando para desvendar suas causas e desenvolver tratamentos mais eficazes.
O diagnóstico
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um processo que envolve a avaliação de diversos profissionais da saúde, como pediatras, neurologistas, psicólogos e terapeutas da fala. Não existe um único exame para diagnosticar o autismo. O critério se baseia na observação do comportamento da pessoa, entrevistas com os pais e cuidadores, e a aplicação de instrumentos específicos.
Cada pessoa com autismo apresenta um quadro clínico único, e o diagnóstico leva em consideração as características específicas de cada indivíduo.
Sintomas
O autismo é uma condição complexa que se manifesta de forma diferente em cada indivíduo. No entanto, existem alguns sinais e sintomas comuns que podem ajudar em sua identificação. Os principais sintomas do autismo podem ser agrupados em três áreas:
1- Dificuldades na Comunicação Social
Dificuldade em iniciar e manter conversas e entender as nuances da linguagem. Podem ter dificuldade em compreender expressões faciais, tom de voz e linguagem corporal, o que dificulta a interpretação das intenções e sentimentos dos outros.
2- Dificuldades na Interação Social
Muitas vezes, pessoas com autismo podem ter dificuldade em estabelecer e manter amizades, preferindo atividades solitárias. Podem ter dificuldade em seguir as regras sociais, como fazer fila ou cumprimentar as pessoas.
3- Padrões de Comportamento Repetitivos e Restritos
Podem ter um interesse intenso em um assunto específico, como trens, números ou mapas, e passar longos períodos focados nesse interesse. Realizar movimentos repetitivos, como balançar o corpo ou bater palmas, ou ter rotinas rígidas que precisam ser seguidas à risca são sintomas do autismo. Como podem ser mais sensíveis a sons, luzes, texturas ou cheiros do que outras pessoas.
Ainda existem outros sintomas que podem estar presentes, como a dificuldade em lidar com mudanças, problemas com a coordenação motora, atraso no desenvolvimento da linguagem. É importante lembrar que o autismo se apresenta de forma diferente em cada pessoa, e a gravidade dos sintomas pode variar significativamente.
Tratamento
O tratamento do autismo é um processo contínuo e individualizado, que varia conforme as necessidades de cada pessoa. As terapias e intervenções adequadas podem melhorar significativamente a qualidade de vida e o desenvolvimento das habilidades sociais, comunicativas e de aprendizagem.
O objetivo principal do tratamento é desenvolver habilidades, reduzir comportamentos desafiadores, aumentar a independência, melhorar a qualidade de vida para a pessoa com autismo e sua família.
O tratamento é multidisciplinar, geralmente composto por diversos profissionais, como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e educadores, além das terapias complementares, como a musicoterapia e a arteterapia, que podem ser utilizadas como um complemento às terapias tradicionais.
Com o diagnóstico precoce, terapias adequadas e o apoio da família e da sociedade, é possível oferecer às pessoas com autismo uma vida mais plena e independente, pois o autismo não define uma pessoa. Cada um tem suas próprias paixões, talentos e sonhos, e com o apoio certo, esses sonhos podem se tornar realidade.